domingo, 16 de janeiro de 2011

Gana da vida!

“(...) o homem que acreditava continuava caminhando. Chorava às vezes, rezava sempre. Pensava em fadas o tempo todo. E sem ninguém saber, em segredo, cada vez mais: acreditava, acreditava.” (Caio F.Abreu)

Nem todos os dias a gente se sente bem. E hoje é um dia destes. Resolvi usar o blog para desabafar, para falar também do que não é bom.

Eu  tenho muita coisa para aprender ainda. Conheço a minha natureza falha, tanto quanto desejo melhorar a cada dia. Mas dentro de todos os meus defeitos, apesar de saber como todos nós somos imperfeitos, ainda me surpreendo negativamente com a humanidade. Cadê a lealdade, a sinceridade, a amizade, o companheirismo? Até no trabalho sou incapaz de prejudicar alguém, mesmo quando sei que o mais correto dentro da minha função seria alertar sobre alguma pessoa que não se encaixa no perfil do trabalho. Mas simplesmente prefiro apostar nas pessoas, conversar, dar a chance da mudança, do crescimento. No entanto, tanto na minha vida pessoal, quanto na minha vida profissional, o ego costuma dominar a mente humana e quase ninguém consegue enxergar uma chance de melhorar. E eu acredito de verdade que a nossa vontade de evoluir, de ser melhor tenha que estar na frente de qualquer disputa de ego ou de poder. Simplesmente porque somos capazes de sermos melhores a cada dia.

Costumo ouvir que para conhecer alguém basta dar poder a esta pessoa. Então agradeço de verdade, porque estou exercendo algum poder hoje profissionalmente com a minha equipe e, no entanto, não mudei em nada estes conceitos e valores. Mas ao mesmo tempo que me dá muito orgulho poder dizer isto, também faz com que eu me sinta extremamente solitária. Minhas diferenças da maioria das pessoas desde criança me fizeram ser extremamente companheira, porque quero e posso dar atenção exclusiva para as pessoas que considero importantes, uma boa e confiável profissional, porque sou capaz de desempenhar bem as tarefas, assim como dizer com todas as letras quando algo não vai dar certo ou algo similar.

É claro que nem todo mundo consegue assimilar tamanha franqueza. Nem todas as pessoas estão preparadas para escutarem uma resposta sincera para uma pergunta. Ou para terem alguém ao lado para dar apoio e suporte para aquilo que sempre dizem que estão dispostas a mudar, mas na verdade ainda não estão.
E isso me joga de novo na solidão. Esta falta de comprometimento das pessoas com o próximo e com elas mesmas. A falta de empenho, de lealdade, de capacidade de renovação. É muito difícil ainda acreditar tanto na humanidade. Será que no fim, tudo realmente se trata de ego?

Aí de repente me vem a solidão. A solidão de quem não conhece o sentimento de competitividade, e não suporta injustiças. Sou capaz de lidar muito melhor com grandes tragédias da natureza, como um tsunami, terremotos ou como as enchentes da Região Serrana no Rio, que são terrivelmente tristes, do que lidar com aquele ônibus 350 que foi queimado na Penha, no Rio de Janeiro, em 2005. Não se trata das dores dos familiares, que foi a mesma. Mas da concepção de justiça. Sou capaz de lidar com a dor de ter dado a luz ao meu filho morto, embora eu sinta saudade dele todos os dias e me sinta uma mãe sem filho, mas não creio que seria capaz de aceitar a morte do João Hélio, por exemplo, se fosse mãe dele. Porque uma coisa é não termos escolha, outra coisa é vermos o quão atrozes nós humanos podemos ser.

Seria tão bom se todo mundo entendesse que se pode fazer bem a si mesmo e àqueles que se ama. Ninguém pode agradar e nem atender à todo mundo, mas nem precisa. Só basta cuidar de quem a gente ama. E se todo mundo fizesse isso, não teria que haver ninguém que frustradamente tentasse atender a todos. E nem haveria ninguém com tempo ocioso para fazer mal aos outros.

Só me resta respirar fundo, esperar isso passar. A música que vou postar é sobre isso: superação, a cada momento. É sobre a força de estar vivo, superar as barreiras e obstáculos, ter força para vencer os próprios medos e o desconhecido, algumas vezes com força e reação, outras com passividade. É sobre ter o "feeling", a sabedoria de quando agir de cada forma. E, então, nascer de novo, melhor... para em algum momento, recomeçar o ciclo. Para completar, a interpretação única de Elis Regina:

REBENTO
(Gilberto Gil)

Rebento
subtantivo abstrato
O ato, a criação, o seu momento
Como uma estrela nova e o seu barato
que só Deus sabe, lá no firmamento
Rebento
Tudo o que nasce é Rebento
Tudo que brota, tudo que vinga, tudo que medra
Rebento raro como flor na pedra,
rebento farto como trigo ao vento
Outras vezes rebento simplesmente
no presente do indicativo
Como as correntes de um cão furioso,
ou as mãos de um lavrador ativo
às vezes mesmo perigosamente
como acidente em forno radioativo
Às vezes, só porque fico nervoso, rebento
às vezes, somente porque estou vivo!
Rebento, a reação imediata
a cada sensação de abatimento
Rebento, o coração dizendo: Bata!
a cada bofetão do sofrimento
Rebento, esse trovão dentro da mata

e a imensidão do som nesse momento


7 comentários:

Sandro Ataliba disse...

O mais importante disso tudo é você se conhecer, saber o quanto vale a franqueza, o quanto vale fazer bem aos outros e não só a si mesma.

O que cada um faz da vida é problema de cada um. Cada problema criado pela pessoa terá de ser resolvido pela própria pessoa.

A você cabe a satisfação de saber que agora, em posição de poder, você pode levantar a cabeça e afirmar que você continua sendo você.

Isso é o mais importante. O resto é secundário.

E sempre que, nesses momentos, a solidão aparecer, saiba que estarei ao seu lado. SEMPRE!

Não deixe de acreditar, porque senão você terá perdido a luta.

♥x!

Affonso Schmitt Paiz disse...

Realmente é difícil de acreditar que ainda existam pessoas capazes de praticar a maldade, mas graças a pessoas que pensam assim como vc e teu esposo que eu ainda tenho esperança na humanidade!

Aprovei a indicação e estou seguindo!

Abraço

Natália disse...

Essa sua reflexão martela a minha cabeça todos os dias quando leio o jornal: onde estão os valores da humanidade?
Sou como você, não tenho coragem de fazer nada que possa prejudicar alguém. E é triste pensar que nem todos compartilham da nossa vontade de evoluir, de tornarmos pessoas melhores a cada dia, e que para isso não custa nada, pode ser alcançado com pequenos atos.

As vezes fraquejo na minha esperança quando vejo a capacidade que temos de fazer o mal. Mas saber que não estou sozinha é reconfortante e me dá coragem para seguir dando o eterno voto de confiança para humanidade.

Continue sempre assim, querendo crescer e evoluir cada vez mais!
:**

Affonso Schmitt Paiz disse...

Selos para o Casal, rsrs...

...felicidades!

Gisley Scott disse...

Tá,

como a vida é engraçada. Em 2009 esse foi justamente o meu dilema: pagar o preço da solidão por querer mais para mim e mais para as pessoas e estás certa, hoje em dia , as pessoas parecem ser feitas de porcelana, não aguentam tamanha franqueza, pois mais polida que fosse...

Eu tb tenho lidado com isso do lado daqui.Entendo alguém ficar com raiva de uma afronta ou de uma mentira, mas de uma verdade, pq? Pq ela dói e o que dói nos instiga a curar, trabalhar, investigar no que pode ser melhor.Se dói é pq tem um problema a ser tratado.

Não deixe de ser quem vc é,pq são por causas de pessoas leais, verdadeiras, sinceras, comprometidas e fiéis que esse mundo ainda não foi pro brejo de vez!

Bjs!

Flávia Shiroma disse...

Oi amiga!!!!
Saudade! Só saudades...!!

Estou sentindo tanta falta de blogar que você nem imagina!! Aos poucos estou tentando me atualizar e em breve estarei blogando como antes (senão ficarei louca! kkk)

Olha, quanto ao seu post, sei muito bem a indignação que sente com o corportamento de certas pessoas, mas uma coisa a vida me ensinou: mesmo se você for a única pessoa correta e sensata no meio de milhares, continue sendo honesta consigo e leal ao seus próprios valores (como vc mesma escreveu aqui), pois a vida se encarregará de mostrar à cada um desses outros os seus próprios erros. É impressionante, mas não precisamos fazer absolutamente nada! A vida de cada pessoa trata de fazer cada um pagar pelos seus atos.

Já falei várias vezes no meu blog sobre a dificuldade que as pessoas têm para ouvir verdades. Preferem ouvir só aquilo que querem ouvir. Vai entender...

Cada cabeça, uma sentença.
Nunca agradaremos a todos, então porque nos preocupar tanto com isso?
Temos é que buscar sempre fazer o melhor e sermos justos.

Ego ou nao, nunca saberemos o que move tanto egoísmo nas pessoas.
Infelizmente.


Um beijo querida Tatá!
:)

Anล Kลtเล disse...

Thais,
A sua parte vc está fazendo...
E , eu bem sei, às vezes a gente pensa estar sozinha, mas tem muita gente que pensa como vc, que sabe como vc se sente indignada e que, se pudesse, estaria ao seu lado, te apoiando, fazendo um mundo melhor...
Bjocassssss...