sexta-feira, 22 de julho de 2011

A minha verdade sobre Filosofia e Religião

Cansada de ver toda esta briga entre as religiões, cansada de ver também a briga entre ateus e religiosos, resolvi fazer este post. Embora por vezes eu cite aqui algumas coisas a respeito, nunca citei qual é a minha religião e sempre me mantenho neutra. Mesmo ao final deste post, duvido que muitos saberão dizer qual a religião que eu acredito (não digo sigo, porque eu nada recebo sem questionar ou pensar a respeito), porque realmente para mim não se trata disso, não se trata de difundir crença, religião, ou de recrutar ninguém para nada. Não se trata de citar livros (Alcorão, Bíblia, Alan Kardec, o que for), e nem de supostamente fornecer conhecimento a ninguém. Quem irá dizer que o meu conhecimento é que é válido e não o do outro?

E aqui entra o primeiro tema deste post. Vejo discussões muitas vezes chegarem a níveis estúpidos, enquanto outras a níveis estupendos que me fazem crescer. Porém, em todas elas, só tenho certeza de uma coisa: todos estão certos e todos estão errados. Acredito que o fundamento de quase toda religião é fazer o bem, praticar o bem, e acontece que para cada pessoa isso tem um grau de dificuldade. Há aqueles que não precisam de Deus ou de Deuses para isso, que são bons por valores, por educação, por natureza. Há aqueles que não precisam, mas gostam de ter um Deus a quem agradecer, se fortalecer, buscar energia. E há ainda aqueles que precisam da religião para manter a linha, para seguir este caminho do bem. Então, eu pergunto: se todos buscam a paz, o amor, o bem, qual deles está errado? Todos têm razão, porque estão buscando o bem. Por isso me irrito profundamente quando um ateu (exemplo) critica um religioso dizendo que sua fé é inválida e infundada, tanto quanto me irrito ainda mais profundamente quando um religioso critica qualquer um que não compartilhe de sua crença, dizendo "um dia você irá conhecer a verdade."

Eis o mistério da fé: ninguém vai conhecer a verdade. A verdade está escondida atrás de muitos capítulos queimados de livros, de muitos historiadores medievais assassinados pela Igreja, de muita sujeira inventada para manipular as pessoas.

Fato histórico é que Jesus existiu. Assim como Buda existiu. Não haveria Cristianismo ou Budismo sem os preceitos por eles criados. Por mais que Roma tenha resolvido tornar Jesus uma divindade, ou que muitos ainda questionem se Buda existiu, os livros considerados sagrados, embora cheios de histórias inventadas ou pela metade, e parábolas, ainda carregam consigo muito daquilo que realmente aconteceu, e são considerados em termos históricos. Questionar sua existência seria o mesmo que questionar a existência de Sócrates, Platão, Aristóteles, Lutero... e qualquer outro grande filósofo de seu tempo. Buda e Jesus, como filósofos que foram, passaram ao povo o ensinamento "superior" que tinham. Não é culpa deles que tenham tomado tudo no sentido tão literal (ascender, subir aos céus, tornar-se divino...) nos escritos e tornado a existência deles motivo de temor por tanto tempo, e hoje em dia, motivo de chacota por muitos.

Então, vamos ao que interessa, os preceitos básicos de cada um:

Jesus: Defendia a paz, a harmonia, o respeito à um único Deus, o amor entre os homens. Era contrário à escravidão. Pregava o amor a si mesmo, ao próximo, a fidelidade, a união entre os povos, não julgar as pessoas, não fazer o mal.
Preceitos do Budismo: Abster-se de destruir os seres vivos, de tomar o que não foi dado, de má conduta sexual, de falar mentiras, da fala maliciosa, da fala ríspida, de fazer intrigas, de bebidas intoxicantes e de drogas que causam perturbação a mente."

Ao ler objetivamente, só posso concluir que são muito parecidos. Em nossa sociedade moderna, o Budismo não é uma religião, é uma filosofia. O Cristianismo é uma religião? Não! O cristianismo deu origem à várias religiões. Eu não seria capaz de listar aqui todas elas. E o movimento ateu que é crescente, e hoje já é quase uma religião, também prega estes mesmos preceitos, só que sem um "modelo" para ser seguido. Então, lanço a pergunta outra vez: qual deles está errado?

O ponto é que não interessa o que você acredita, isso é uma coisa particular, é sua crença, é a sua maneira de se encontrar com Deus, com o Universo, com o ser maior, com a energia suprema, com a Física quântica, com o que diabos (ironia) você quiser. O importante é que você busque o bem, o amor, a lealdade, a fraternidade. Foda-se (inclusive quem disser que palavrão é pecado) a verdade! A verdade é que nós estamos neste mundo vivendo esta vida para sermos felizes e cada um encontra a felicidade à sua maneira. O caminho que cada um irá percorrer é único. A verdade é que nada disso importa, desde que tenha amor na sua jornada.

Sonho em ver cristãos budistas, ateus cristãos (porque acreditar nos preceitos não é aderir a religião alguma), budistas ateus, e por aí vai... queria que o mundo fizesse uma passeata para o que verdadeiramente importa e o que o próximo congresso das mentes mais poderosas e inteligentes não fosse para ofuscar a verdade alheia, mas para buscar algum bem comum para a humanidade.

Nota: Citei as vertentes mais difundidas, mas o mesmo vale para muçulmanos, daimistas, judeus, umbandistas, e por aí vai... :) 

É isso.

10 comentários:

Sandro Ataliba disse...

No fundo só o que importa é o bem. Só poderíamos ter menos gente enchendo o nosso saco o tempo todo com a tal "verdade".
♥x!

Flávia Shiroma disse...

Bravo!!!!
Excelente texto! (óbvio)

Thaís,
Às vezes penso que a religião é algo tão complexo que a maioria das pessoas opta pela não manifestação das suas próprias idéias, a fim de evitar discussões.
Ao mesmo tempo penso que a religião também não deixaria de ser algo extremamente simples se cada um resolvesse tomar conta da sua própria vida e respeitasse a opção do vizinho.
Não importa qual é a placa na fachada da igreja ou templo, o que importa (como disse bemo seu esposo) é praticar o bem.
Acho importante ir a Igreja, por exemplo, para ouvir os ensinamentos da Bíblia e reforçar a fé semanalmente, mas isso não basta se saindo dali o "fiel" trair seus amigos ou a família com difamações, fofocas, intrigas ou brigas intermináveis.
Por isso sou a favor do coração puro, da alma leve, da consciência tranquila, do dever cumprido, enfim, do ser humano que, como nós, busca incessantemente o BEM independente de religião.

Almir Albuquerque disse...

Oi Thaís,

Bem, esse seu post dá panos para mangas, então eu vou tentar, já na quase convicção de que não conseguirei, ser breve sobre os assuntos que você levantou.

Primeiro, eu não aceito a validade do preceito relativista que você defende, do tipo: "todos estão certos e todos estão errados". Discussões são sempre importantes, a não ser que você abra mão de todo e qualquer juízo de valor, pois sempre vai existir algo válido em meio a tantas outras coisas que julgamos erradas ou inúteis. Eu acredito que a forma de julgar o certo e o errado vai da nossa capacidade cognitiva, de nossa formação educacional e moral, bem como da nossa habilidade em defender nossos pontos de vista com bons e sólidos argumentos nestes debates. "Eu acho que tal coisa é errada porque..." e "eu não concordo contigo, porque...". E desta forma é que caminhamos na busca pelo conhecimento.

Quanto ao que disse: "se todos buscam a paz, o amor, o bem, qual deles está errado?", aparentemente ninguém mas o problema é que na realidade a meta de um religioso, de forma geral, não é buscar a paz, o bem e o amor. O mundo seria muito melhor se todos tivessem essa compostura, mas o fato é que pessoas assim são uma exceção à regra. À grande maioria dos religiosos não basta ter uma fé, é preciso propagá-la e propagandeá-la aos quatro ventos, colhendo vantagens para a sua imagem pessoal e soldados para a sua ideologia, criando animosidades e rivalidades, separações e preconceitos desnecessários para nossas vidas. Qualquer pessoa que lhe atravesse o caminho é considerada inimiga, e daí vemos a intolerância e preconceito contra ateus e guerras religiosas entres fés diferentes pelo mundo afora. Noventa por cento de todas as guerras do mundo têm o elemento religioso para apoiá-la, seja direta ou indiretamente. A religião é um mal para este planeta, e o fato de meia-dúzia de boas pessoas usarem-na para confortar suas vidas não alivia a sua barra.

Eu penso que só quem foge do debate sobre religião ou fé é aquele que tem medo de ser contestado sem ter a capacidade de argumentar a favor de sua crença (sem usar a bíblia como argumento circular, lógico). Não creio nem por um segundo que o mistério da fé é que "ninguém vai conhecer a verdade". São atitudes como essas é que fazem a alegria dos clérigos e pastores: as pessoas aceitarem a fé sem contestá-la, sem questioná-la e sem testá-la, por que é um "mistério". A discussão, o debate, a troca de ideias, a reflexão, não pode ser algo negativo. Pelo contrário: quem tem convicção naquilo que crê não tem medo de debater e expor as suas ideias, sejam quais forem. Queria eu poder dar um grande "foda-se" à verdade, mas a busca por ela pode levar a caminhos maravilhosos.

Por fim, até onde eu sei, jamais existiram provas laicas (autênticas, e não forjadas, como no caso do relato de Flávio Josefo, Suetônio e outros) que atestem a existência de Jesus. Mas eu estou aberto e ansioso para saber de onde tirou esta informação preciosa, porque me faria rever a minha posição sobre o assunto. Se puder dizer, eu agradeço.

Grande abraço, um ótimo fim de semana e até mais.

Thaís Alves disse...

Acho que você entendeu o post de maneira errada, mas eu vou esclarecer. Em momento algum fui contra a discussão com relação àqueles que desejam buscar a verdade, ou verdades que os satisfaçam. Mas fui contra a intolerância que existe nestas supostas discussões. Discussão para mim é bate papo, troca de idéias, pessoas querendo defender pontos de vista e aprender novos pontos de vista. E o que acontece hoje é uma imposição de idéias, que justamente geram as guerras por você citadas. Eu não sou adepta de religião alguma, assim como não sou adepta do ateísmo, tenho então total imparcialidade para analisar a intolerância que vem sendo praticada de religião para religião, de religião para ateísmo e de ateísmo para religião também (o que muito me decepcionou nos últimos tempos). Se vivemos em uma sociedade laica, cada um tem o direito de acreditar no que quiser e viver sua crença (ou descrença) e ninguém tem o direito de se achar melhor porque “sua verdade” vale mais do que a do outro.

Como pessoa que vive sua própria espiritualidade e que já participou de estudos de doutorado sobre religiões, passando do protestantismo ao daime, acredito sim que nada como a discussão para nos fazer crescer, mas a discussão saudável, e não o que temos visto por aí. Neste sentido acredito que todos estão errados e certos ao mesmo tempo. Errados em se fecharem para as outras idéias e filosofias de vida, e certos em buscarem um ideal de amor e paz. Acredito mesmo que as idéias religiosas são maravilhosas, o que não é saudável são as religiões. Seria maravilhoso o mundo que nutrisse os ideais religiosos, mas não tivesse religiões. No entanto, a humanidade não é benevolente o suficiente para isso, e a maioria das pessoas para praticar o bem, precisa se manter nas rédeas das Igrejas e Templos. E, neste sentido, as religiões ainda prestam um grande serviço à sociedade. Se não fosse por religião, teríamos as mesmas guerras, por outros motivos, pois o ser humano é dado ao fanatismo, procura pelo conflito e não consegue viver em paz, infelizmente. Não sei se teríamos mais ou menos guerras sem as religiões.

Mas a idéia, o tema principal do post foi dizer que a discussão deve ser aberta àqueles que procuram por ela e buscam este conhecimento. Quem não está aberto à isso, não discute, impõe e cria mais conflitos. E isso é que não é saudável.

Quanto à minha opinião, não sou religiosa e nem atéia. Não acredito na existência dos Deuses que me foram apresentados, e muito menos na existência do “nada”, devido à experiências pessoais com algo maior e sobrenatural. Por isso, crio a minha espiritualidade a cada dia, dentro dos meus conceitos de moralidade e valores, com aquilo que vou aprendendo, sendo portanto, fundamental discutir sobre o assunto para me aprofundar e crescer cada vez mais. Jamais falaria contra isso.

Thaís Alves disse...

Para dar minha cara à tapa, HOJE, defendo a idéia de que a única maneira de encontrar com Deus (ou o nome que tiver esta força) é através do autoconhecimento, é saber que o Universo inteiro emana energia, e que somos parte dela, tendo portanto uma parte deste “Deus”, desta energia, dentro de nós, sendo capazes de transformar e fazer diferença. E acredito também que esta energia não se dissipa com a morte, mas apenas que se desfaz da matéria. Poderia dar todos os meus motivos para ter esta idéia, caso a discussão seja do seu interesse. 

Quanto às provas da existência de Jesus, há muitos estudos alternativos, alguns que inclusive citam a ligação de Jesus com as árvores sagradas presentes em outras religiões, inclusive com relação aos ensinamentos Incas, os próprios escritos "sagrados" que relatam algo de verdadeiro, e antropólogos que não cessam de procurar vestígios de sua existência. No entanto, na minha humilde opinião, negar a existência dele seria o mesmo que negar a existência dos sofistas, por exemplo. A grande falha que causa a dúvida é a obstinação da Igreja em tornar um homem comum e sábio que inventou tantas parábolas (assim como Platão inventou a da Caverna) um cara divino. De tanto ser acreditado, terminou duvidado. Ainda assim, entre as vertentes que buscam provar sua existência (porque há indícios, porém não provas concretas) e as vertentes que tentam provar sua não-existência, prefiro acreditar na primeira, só que de maneira não religiosa. Não acredito no cara que subiu aos céus e ressuscitou, mas no cara que andou por aí cheio de ideias. Até agora são os argumentos que me seduzem mais, até porque para uma existência tão antiga e sem registros oficiais como naquele tempo, os indícios são uma grande coisa. Prova concreta e testemunhas será difícil de arrumar...rs

Enfim, é isso. Espero que tenha ficado mais claro que o post jamais foi contra a argumentação e a discussão, mas sim contra a intolerância gerada pelas pessoas que não sabem fazer isso.

Abraço e obrigada por tornar mais rico o post.

Thaís.

Almir Albuquerque disse...

Oi Thaís,

Eu também sou contra a intolerância, seja ela de que espécie for. Intolerância leva ao ódio, à guerra, ao desentendimento. Mas eu, particularmente, sou totalmente aberto e a favor de críticas poderosas contra as minhas opiniões, bem como sou crítico feroz de certas ideias. Ser crítico pode muitas vezes parecer intolerância quanto às diferenças do outro, mas eu penso que não. O respeito deve haver sempre, mas os questionamentos também. Quem vê certas opiniões minhas (creio que já deve ter visto algumas) pode pensar que eu sou intolerante quanto à fé ou à religião, o que não é o caso (não estou dizendo que este post seja uma acusação direta contra mim, longe disso rsrs). Aceito perfeitamente que alguém seja religioso e tenha a sua fé, mas quando ela vem e me diz que seu deus é poderoso e faz isso e aquilo, eu quero saber mais, e caso não me atenda suficientemente as explicações, eu critico mesmo. Só gostaria de fazer este pequeno adendo, fora do assunto.

Com relação à sua visão de deus, ela me pareceu bastante interessante. É o tipo de ideia que eu acho bastante inspiradora, como se tudo fizesse parte de tudo, como se fôssemos uma coisa só (cada um uma fagulha da luz divina, se podemos assim dizer), e que não houvesse desperdício, apenas renovação. Me lembra a ideia de uma física no antigo filme "Ponto de Mutação", o que é perfeitamente de acordo com os preceitos da Natureza. Quem dera que todos os deuses fossem tão inspiradores e inofensivos quanto o seu... rsrsrs.

Se quiser falar mais a respeito, eu acharia ótimo. Talvez até num novo post.

Grande abraço e um ótimo domingo.

Paula Li disse...

OI Taís, eu assumo que sou daquelas que não discute religião e mais um monte de outras coisas.
Acho um disperdício de energia, pois dificilmente a conversa se mantém num nivél saudável, os lados sempre querem impor seu ponto de vista.
E religião esta mais num nível subjetivo que racional, tornando impossível a definição de certo e errado.
Mas não abro mão do respeito e da civilidade.
Saudades,
bjs

Almir Albuquerque disse...

Pegando um gancho do que disse a Paula aí acima: a "religião esta mais num nível subjetivo que racional". Perfeito. Mas sabe qual é o problema? Os crentes querem propagar verdades universais de uma religião subjetiva. Não é um paradoxo? Se guardassem a sua fé para si, ninguém seria contra eles.

Grande abraço e uma ótima semana.

Flávia Shiroma disse...

Puxa Thaís, tô achando bacana os questionamentos colocados na sua grade de comentários.
Não tem coisa melhor que ler um comentário, mesmo que contra a nossa opinião, para mostrar que o que escrevemos foi lido com atenção e interpretado a maneira de cada leitor.
São essas opiniões baseadas em conhecimentos ou simplesmente na vivência de cada um que enriquecem cada vez mais o nosso blog.

Bom, mas não voltei aqui pra isso! rsrs
Na verdade vim para indicar um blog bacana (pelo menos eu acho), o "Olhos de Jade", um blog que aborda vários temas sob a ótica de uma mulher de 40. Vê se você gosta.

http://verdeolhardejade.blogspot.com/

Bjs querida

Natália disse...

Ja tava querendo comentar esse seu post a mais tempo. Eu evito discutir religião, porque eu sou a contramão da maioria, além dos vários estigmas: não acredito em Jesus como Messiach, nem como profeta. Obviamente a minha crença nunca poderá passar por cima do respeito por quem o tem como figura messiânica ou profética.
Mas a verdade é simplesmente essa que você disse: estamos aqui para sermos felizes, para evoluirmos.

Beijos!