sábado, 26 de fevereiro de 2011

Autoanálise - Post para quem não faz terapia!

Após conversar sobre a vida, o ser ou não ser e demais questões filosóficas com meu marido ontem, fiz algumas análises sobre mim mesma, que queria compartilhar com vocês e saber como cada um também se sente a respeito de si neste ponto.

Eu sou uma pessoa intensa, uma pessoa urgente, em todos os campos.

Na vida profissional, por alguns anos pulei de galho em galho, porque em menos de um ano o trabalho já não me oferecia desafio. Trabalhei em lugares que me possibilitaram viajar e fomentaram esta paixão, mas ainda assim, após um tempo, eu não conseguia mais. Começava a ficar chato, eu não tinha mais energia para levantar e ir pro trabalho. A verdade é que na vida profissional esta intensidade sempre me gerou inconstância. Claro que eu só fui perceber o porquê anos mais tarde: eu estava trabalhando na área errada. O dia que eu trabalhar com o que eu gosto, quase todo dia (porque ninguém é de ferro) será dia de levantar para trabalhar com tesão. E é isso que eu preciso, tesão pela vida.

Eu não sou uma pessoa morna. Vejo que minhas amigas sempre esperam ouvir palavras sensatas vindas de mim, mas nunca esperam que eu fique indiferente a nada. Esta sou eu. Eu vivo. Eu vivo 24 horas por dia (porque quando eu durmo, eu sonho...rs). E quando eu não vivo nada (nem dor, nem alegria), geralmente são os momentos em que eu me sinto mais triste.

É assim também na minha vida pessoal. Mas, diferente da minha profissional, isso nunca me gerou inconstância. Minha família é meu alicerce, meus amigos são os mesmos de tantos anos, tenho amigos de infância, tenho amigos de adolescência... não costumo aprofundar relacionamentos com novas amizades muito rápido, mas quando o faço também é amizade pra vida toda. Aprendi que contar com a qualidade de quem está a sua volta é muito melhor do que contar com a quantidade. Existem muitas pessoas legais, divertidas, com boa conversa, mas isso não determina uma amizade. São pessoas que são conhecidas, colegas, companhias eventuais... mas uma amizade é algo muito maior do que isso. E, mais uma vez, atribuo esta maneira de agir à minha intensidade. Não nutro uma amizade que não esteja de fato ligada à minha energia, que eu não possa me fazer presente quando necessário ou ter a pessoa presente quando necessário.

Em relacionamentos também nunca fui inconstante. Em geral, tive relações duradouras (algumas até demais). Mas isso não muda em nada a minha intensidade. Eu vivo intensamente o amor que tenho. Eu me dedico, e exijo dedicação a mim. Eu sou romântica, apaixonada. E quero romance e paixão pra mim, simplesmente porque eu mereço. Já escrevi aqui no blog uma vez que o amor precisa de uma dose de paixão, porque é o que diferencia o amor entre um homem e uma mulher do amor fraternal. Não digo ter a mesma urgência da paixão inicial, é claro, mas é preciso manter acesa um pouco desta chama. E isso já me gerou alguns términos, por não me sentir cultivada da maneira que eu gostaria de ser. Às vezes eu sabia que era amada, mas não era cuidada, não tinha manutenção...rs E simplesmente a minha intensidade em viver não me permite isso, eu vou ficando triste, e ninguém gosta de ficar triste muito tempo, claro.

Eu gosto de viver. Eu gosto de todos estes sentimentos bons que a vida tem pra oferecer. Eu sei que corro riscos a cada vez que dou demais meu coração (não digo só em relacionamentos de amor, mas de amizade também), mas o sentimento vale a pena. Mesmo que de vez em quando a gente sofra muito, mais do que poderia sofrer se não fosse tão intenso, o bom é que também aprende muito, melhora muito e fica pronto para ser muito feliz novamente.

Eu poderia mudar. Poderia tentar ser menos intensa, levar a vidinha normal da maioria das pessoas. Mas eu não posso. Eu não me vejo muito tempo mais trabalhando no que eu trabalho só para garantir dinheiro, não me vejo sendo superficial e simpática para manter a popularidade com meus amigos, não me vejo vivendo um amor que não me faça sentir uma mulher completa (e acho sinceramente que este risco eu não corro, sou muito bem casada!).

Eu quero tudo! Eu mereço tudo! E eu corro atrás de tudo o que eu quero, e por isso o mereço.
Se eu estou estudando para mudar de área, eu mereço mudar de área.
Se eu sou uma amiga dedicada, mereço amigos dedicados.
Se eu faço o meu amor se sentir amado, desejado, cuidado, também mereço me sentir amada, desejada, cuidada.

Será que esta maneira de pensar é errada?

E eu não quero mudar.

Eu quero tudo... e o melhor é que só falta meu novo trabalho: lecionar. Ele vai chegar. Assim como tive que construir o que tenho de bom nas outras áreas, também vou construir devagar mais este degrau.

É isso.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Seja o líder do bando!

Cesar Millan - O Encantador de Cães

Hoje, aparentemente eu vim falar sobre cachorros. Mas não é só isso, eu vim falar sobre energia, sobre uma maneira de viver. Então, quem não gosta de cachorros, fique à vontade e pode ler também...rs

Há algum tempo, meu marido e eu assistimos o programa "O Encantador de Cães", onde o impressionante Cesar Millan mostra como reabilitar cães problemáticos e tornar sua vida mais fácil com seu animal de estimação.

Sim, começamos a assistir porque eu sou uma apaixonada por cachorros, e meu marido assistia casualmente, porque eu queria ver. Acontece que com o tempo, ele também foi se interessando mais e mais pelo programa. E, ele que nunca teve um animal de estimação e que tinha certa resistência em ter um cachorro que transitasse dentro de casa, como eu quero quando construirmos nossa casa, passou a ver que esta é uma idéia totalmente possível, e que tudo depende de como nós vamos agir.

Para não fugir do foco, vou entrar logo no assunto, que eu inclusive já abordei aqui outras vezes. Tudo se trata de energia. Cesar Millan o tempo inteiro deixa isso claro em seus programas e o que ele faz na frente das pessoas parece mágica, mas está totalmente ligado à energia que ele tem, que ele passa. Os animais sentem isso instantaneamente. O que nós pessoas não percebemos é que também sentimos. Nós também reagimos aos ambientes, à energia ao nosso redor. Nem sempre as coisas precisam ser expressadas verbalmente para que nos afetem.

O que eu estou tentando dizer aqui hoje é: seja uma energia calma e transformadora. Eu já praticava a energia dos meus pensamentos na minha vida e já acreditava que eu atraía aquilo que eu emanava também. Mas, aprendendo com o Cesar, eu vejo o quão instintivos nós também somos, e muitas respostas não demandam tempo, são instantâneas. Até brinquei com o meu marido ontem, dizendo que quando discordarmos em algo e vermos que vamos brigar porque a nossa energia está agitada, a um passo de ficar agressiva, que é melhor pararmos, voltarmos e fazermos tudo de novo quando estivermos "calmos e submissos" (bordão do César). E é exatamente isso o que ele faz com os cachorros. Não estou aqui chamando ninguém de cachorro, mas nós também fazemos parte da natureza, também somos seres dotados de instinto, com a diferença de que não precisamos de ninguém nos guiando para nos dar a energia certa. Nós mesmos podemos gerá-la, podemos nos controlar e passar isto para as pessoas. Se você começar a praticar, vai ver como a paz vai estar mais presente no seu dia-a-dia, como você conseguirá mudar ambientes tensos para ambientes tranquilos com a sua presença cheia de energia calma.

O Cesar diz que devemos ser líderes de bando. Eu acho que é bem por aí, se mantivermos sempre esta energia calma, firme, geramos confiança, não só nos animais, mas nas pessoas também, e nos tornamos referências.

Acredito que o Cesar está onde está, depois de tudo que já passou na vida, justamente porque faz disso uma filosofia de vida. E coisas boas acontecem àqueles que emanam coisas boas.

Eu quero ser uma líder (no bom sentido e não no sentido de poder). E você?

É isso.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Como diferenciar?

Gente, quase 1 semana sem postar. Peço desculpas pelos dias que não passei nas postagens dos blogs que gosto de ler. Simplesmente tive uma semana muito, muito atribulada.

Gostaria de já vir aqui com uma notícia maravilhosa para compartilhar com vocês, mas ainda é só meia notícia maravilhosa. Terei que esperar mais uns dias, um mês talvez para concretizar mais um sonho. Só então venho contar na íntegra. Só peço muito, muito pensamento positivo por mim!

Agora, um assunto que eu queria refletir... escrever aqui e ler os comentários sempre me ajuda.
Como sabermos, entendermos os sinais que alguém envia de que está precisando de ajuda? Em tempos de blog, facebook, orkut, twitter é tudo tão distante... a gente lê a mensagem da pessoa, mas não sabe se foi uma citação apenas, ou se ela acordou se sentindo assim e só desabafou, se ela está muito, muito triste e precisa de um ombro amigo... Como entender se aquela pessoa tão próxima a você (no coração) não está ali pra você olhar nos olhos e ver o que está sentindo?

Às vezes eu adoro o mundo virtual, porque possibilita que mesmo estando em outra cidade, eu possa manter contato contínuo com as pessoas queridas, ou com amigos amados que moram até em outros países. Mas, na grande maioria das vezes, mesmo sendo uma usuária quase compulsiva, eu odeio o mundo virtual. Será que eu não me esforçaria mais para encontrar com pessoas importantes? Será que eu não conseguiria enxergar melhor quando me fazer mais presente, ou até mesmo quando me fazer menos presente na vida de alguém?

A verdade é que, podem criar os emoticons que quiserem, mas ninguém consegue entender por completo a emoção de um post, de um comentário, de um scrap... e às vezes deixamos escapar momentos importantes e decisivos na vida de pessoas importantes pra nós.

Mas é tudo um monte de "serás". Porque se não existisse a internet, será mesmo que eu estaria tão mais presente na vida de poucos, ao invés de tão pouco presente na vida de muitos? E olha que nem me considero amiga de muitas pessoas...

O que vocês acham do assunto? Quero pensar melhor sobre isso...

É isso.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Sobre a maldade

Semana passada tive demonstrações de que a maldade das pessoas vai além dos seus atos cruéis. Algumas vezes a maldade é demonstrada em situações bobas, pela ausência ou pelo excesso de determinada atitude.

Tive discussões filosóficas inclusive com o meu marido sobre o que seria o jeito de cada pessoa se expressar. Mas o fato é que, se a pessoa se expressa causando danos às outras, então não deixa de ser maldade.

Vejo por mim mesma até. Claro que nunca tive intenção nenhuma na minha vida de causar nenhum mal a ninguém, mas sempre fui uma pessoa muito sincera. E por vezes expressava-me de maneira muito direta, o que causava, segundo ele, algum mal estar nas pessoas. Continuo não me preocupando em ser política e dizendo a verdade, porque acredito que a sinceridade é o bem mais precioso que posso oferecer a todos os que passam pela minha vida. Porém, repetidas vezes desde que ele me chamou atenção para isso, eu pergunto: "Amor, você acha que estou sendo direta demais? Tem alguma maneira mais delicada que eu possa dizer a mesma coisa?" E acredito que, assim não deixo de lado a minha essência e vou me tornando uma pessoa melhor, por conseguir passar a mensagem de maneira clara e sem machucar alguém por isso.

Então também não aceitei quando ele me disse que às vezes as pessoas têm um jeito diferente de se expressarem. Peraí! A Lei do Universo é uma só para todos nós. Assim como eu respeito as pessoas, também mereço ser respeitada. Assim como me preocupo em não magoar ninguém, não aceito ser magoada. E, principalmente, assim como eu não interfiro na vida de ninguém, não aceito interferências na minha vida, direta ou indiretamente. Eu entendi quando ele me disse que não poderia me expressar de qualquer forma, sem me preocupar em como afetaria as pessoas. Mas exijo sim que as pessoas me dêem o mesmo.

E quando isso não acontece, aviso aos navegantes, eu não aceito. Expulso a pessoa da minha vida, do meu blog, do meu lar. Eu não aceito menos do que eu mereço de ninguém. Me magoar é um privilégio daqueles que eu amo e olhe lá, pois até pra eles tem limite. A internet é pública, mas a minha dignidade não está na janela deste mundo virtual, e nem à venda no mundo real. Respeito é bom, eu gosto e exijo.

Mas, ainda que tenha sentido coisas muito ruins, não fiz nada de ruim para dar troco a ninguém. O que era mau passou. E foi banido pra sempre. Isso é o suficiente para mim. E sabe o que é bom saber? O Universo é justo sim. Talvez tenha tudo sido um teste. Para ver o quanto as pessoas estão envolvidas e comprometidas com o bem e com o amor. Só sei que esta semana recebi propostas de emprego, coisas que podem ser muito boas no futuro ou não... ainda não há definição, tudo está sendo estudado. Só que hoje eu sei que o meu sonho de vida com meu marido na nossa cidade é um sonho muito possível e que talvez esteja muito mais perto do que a gente imagina. E isso foi Deus me presenteando e dizendo: Está aqui, o retorno do bem que você faz e por não devolver ao Universo o mal que te causam.

Mais do que nunca, eu tenho certeza: A gente realmente colhe o que planta.

Então só tenho a agradecer ao meu marido por me ajudar a superar a raiva algumas vezes e a Deus por ter me feito boa por natureza.

Assim, continuo vivendo a minha vida, que por vezes tem dificuldades, mas onde tudo sempre acaba bem. Só posso dizer a vocês o seguinte: pratiquem sempre o bem.

Quanto àqueles que lhes fizerem mal... limpem seus pés, lavem suas mãos e deixem que cada um encontre na frente aquilo que está plantando agora.

Apenas não deixem ninguém atrapalhar suas vidas, porque ser bom não é ser bobo e não lutar pelo o que acredita, mas fazer isso de maneira limpa e sem causar mal a ninguém.

É isso.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Espontânea, Instantânea, Repentina - Sobre o Amor

O amor é um verão insano na beira da piscina!
Não, não, não!
Isso é só paixão, o amor é cada estação.

Talvez ele surja numa Primavera,
Comece a florescer e mostre toda a sedução.
Então ele esquenta e começa a ferver em você como um Verão.

Mas ele por vezes é outono,
Deixando as folhas secas espalhadas no chão.
Porque tudo que é duradouro necessita de renovação.

Algumas vezes é inverno,
Hibernando e se preparando pra reconstrução.
As folhas secas se vão, com uma ou outra exceção.

Mas de tudo que é ciclo,
Há sempre aquilo que não.
Fico em você todo tempo
E vejo o nascer de toda estação.

É isso.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Quem conta um conto...

"Tenho que ter paciência para não me perder dentro de mim: vivo me perdendo de vista. Preciso de paciência porque sou vários caminhos, inclusive o fatal beco-sem-saída" (Clarice Lispector )


Ela estava exausta. Há dias não conseguia dormir em paz. Acreditava que uma vida boa era uma vida feliz, mesmo com alguns momentos nebulosos. Nos últimos 15 dias estava vivendo uma vida nebulosa com alguns momentos felizes. Claro que podia ser uma fase. Mas podia ser também um prelúdio de uma sinfonia que ela não queria escutar. E esta dúvida a atormentava muito mais do que os desentendimentos ou as diferenças. Lembrava-se constantemente de uma metáfora usada pelo escritor Caio Fernando de Abreu - “...Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber. Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor...” – e se perguntava até onde poderia ser uma planta sedenta, enquanto, por outro lado, tinha certeza de que com relação a este mesmo assunto, já não conseguiria ser quem alimenta, pois já tinha doado todo o sangue que tinha. Encontrava-se em um dilema, mas um dilema da vida, que ela própria não poderia resolver. Teria que esperar, e esperar era um fardo.


Te amo sem saber como, nem quando, nem onde
te amo diretamente sem problemas nem orgulho
assim te amo porque não sei amar de outra maneira
senão assim deste modo em que não sou nem és
tão perto que tua mão sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meus sonhos” (Pablo Neruda)



Havia se acostumado aos doces dias de sua simples vida, que fornecia tudo quanto seu coração mais desejava. Ela era a princesa de seu castelo, vivendo seu “felizes pra sempre” ao lado do príncipe. Havia se acostumado com a atenção, o amor, o carinho. Sabia que a maioria das pessoas caía numa rotina sem graça, mas ela não. Aprendeu a valorizar cada um dos momentos simples e tão grandiosos ao mesmo tempo. Ganhou uma nova família. Adquiriu novos hábitos. Conheceu novos temas. Adaptou-se a novas visões de vida. Rendeu-se a novos conceitos. Tolerou novas maneiras. Abandonou muitas das concepções antigas em favor do bem maior. Mas isso não. Isso ela não podia. Enquanto ele se prendia a um fato isolado, achando que tudo girava em torno de certo e errado, ela via mais do que isso. Ela via uma diferença gritante, um conflito sério de valores. Ela olhava pra trás e via todos os problemas anteriores girando em torno da mesma coisa. Ela olhava pro presente e via o mesmo. Ela olhava pra frente e não conseguia enxergar que fosse diferente. E isso a preocupava.


"Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou. Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê. E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância. ” (Caio F.Abreu)



Ela queria gritar, implantar na mente dele o juízo que habitava a mente dela, a verdade, para ela mais do que absoluta, de que o que realmente importava acima de tudo era a relação deles. Muito mais do que a relação de amor homem e mulher, mas também a relação de respeito, de carinho, de lealdade. Queria ser como no filme e fazer a inserção de uma idéia nos sonhos dele enquanto ele dormisse. Queria que ele enxergasse o valor da família que eles eram. Que visse que determinadas coisas não mais cabiam na vida preenchida deles, que determinados espaços não estavam mais vazios. Não... ela sabia que ele enxergava. Ela só queria que fosse isso o que realmente importasse para ele também.


"Mergulho no cheiro que não defino, você me embala dentro dos seus braços, você cobre com a boca meus ouvidos entupidos de buzinas, versos interrompidos, escapamentos abertos, tilintar de telefones, máquinas de escrever, ruídos eletrônicos, britadeiras de concreto, e você me beija e você me aperta, e você me leva para Creta Mikonos, Rodes, Patmos, Delos, e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem” (Caio F.Abreu)



Mas ela simplesmente não podia fazer nada disso. E então ficava esperando um sinal, o desenrolar dos dias, qualquer coisa que mostrasse que não seria sempre como estava acontecendo agora. Ela agarrava-se talvez à idéia de que era apenas efeito colateral de uma das atividades que por vezes ele perdia a medida, mas depois voltava ao normal, o que ela conhecia bem. Afinal, compartilhavam de tantas características... Era o que por vezes ele mesmo a fazia acreditar, com seu discurso, com sua atitude, ainda que por vezes relutante. Ela sabia que ele também lutava por ela, e isso... isso já fazia uma diferença enorme. A diferença de cair nos seus braços e saber porquê lutar. A diferença de todos os dias acordar e tentar mudar um pouco mais, senão para ser melhor na sua concepção, ao menos para ser melhor para ele. A diferença de saber que talvez ele também acordasse todos os dias e pensasse nisso. E pensasse nela. E em quanto já foram e ainda seriam felizes.


"Sôfrego, torno a anexar a mim esse monólogo rebelde, essa aceitação ingênua de quem não sabe que viver é, constantemente, construir, não derrubar. De quem não sabe que esse prolongado construir implica em erros, e saber viver implica em não valorizar esses erros, ou suavizá-los, distorcê-los ou mesmo eliminá-los para que o restante da construção não seja abalado” (Caio F.Abreu)


E tudo que ela queria era descansar. Dormir o primeiro sono tranqüilo das últimas 15 noites. Deixar pra trás os pesadelos e voltar a sonhar. Sonhar e reinar no seu castelo que ainda tinha tanto espaço para construir. Construir a vida de sonhos que eles pensaram a dois. A base estava ali, forte. E forte também estavam os braços dela para voltar a trabalhar nisso, mas só se ele a acompanhasse. Ela só queria se livrar do fantasma da diferença enevoando este mundo azul. Ela pensou muito. E ainda que relutante e com muito medo, ela acreditava. Acreditava que tudo de mal ficara pra trás. E caía de novo, pronta para flutuar.


"Pensar no que está sendo, ou antes, não, não pensar, mas enfrentar e penetrar no que está sendo é coragem. Pensar é ainda fuga: aprender subjetivamente a realidade de maneira a não assustar. Entrar nela significa viver . (Caio F.Abreu)


Foi isso.